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A teoria serotoninérgica da depressão

ByRomeo Minalane

Dec 14, 2022
A teoria serotoninérgica da depressão

Caminhando para finalizar o ano de 2022, vamos revisar alguns trabalhos e assuntos que mobilizaram o dispute público em torno da saúde psychological e da psiquiatria. O primeiro desses trabalhos foi a revisão sistemática guarda-chuva feita por Moncrieff et. al e publicada na Nature, sobre a teoria serotoninérgica da depressão A publicação deste estudo levou a interpretações diversas, inclusive àquelas que visavam desacreditar o tratamento da depressão com medicações que têm em seu mecanismo de ação a inibição serotoninérgica.

A ideia de que a depressão é o resultado de alterações químicas cerebrais, particularmente da serotonina (5-HT), foi influente por décadas e forneceu uma justificativa importante para o uso de antidepressivos. Foi na década de 1990 que esta ideia se disseminou concomitantemente com o advento dos antidepressivos Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS).

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Dificilmente encontraremos por aí profissionais bem formados que endossem a teoria serotoninérgica como o único mecanismo causal da depressão. Não obstante, apesar do relativo consenso na área sobre as limitações da teoria, a ideia de que a depressão é causada por um “desequilíbrio químico” tem muita penetrância na sociedade: 80% do público leigo acredita nela.

O objetivo do trabalho de Moncrieff et. al foi estabelecer se a evidência científica atual endossa o papel da serotonina na etiologia da depressão e, especificamente, se a depressão está associada a indicativos de diminuição de concentração ou atividade serotoninérgica.

Hipótese serotoninérgica

Para cobrir diferentes áreas e manejar o grande volume de pesquisas relacionadas ao sistema serotoninérgico, foi conduzida uma revisão do tipo “guarda-chuva”. Revisões “guarda-chuva” pesquisam as revisões sistemáticas e meta-análises existentes que são relevantes para a pergunta da pesquisa e representam um dos níveis mais elevados de síntese da evidência disponível.

Embora tradicionalmente elas sejam limitadas a revisões sistemáticas e meta-análises, os pesquisadores decidiram incluir outros estudos que consideraram a melhor evidência disponível, como grandes estudos com informações de estudos individuais, mas que não empregam técnicas de revisão sistemática, e um grande estudo genético.

As áreas de pesquisa atreladas à hipótese serotoninérgica foram separadas em seis grupos: 1) Se na depressão há baixos níveis de serotonina e seus metabólicos nos fluidos corporais; 2) Se os receptores de serotonina estão alterados em pessoas com depressão; 3) Se nas pessoas com depressão há maior quantidade de transportadores de serotonina (SERT) que removem a serotonina da fenda sináptica e, portanto, diminuem sua quantidade; 4) Se a diminuição do triptofano (precursor da serotonina) pode induzir depressão; 5) Se há maior quantidade de genes do SERT em pessoas com depressão; e 6) Se existe uma interação entre o gene do SERT e estresse na depressão.

70 estudos preencheram os critérios de inclusão do trabalho. Vamos, então, aos achados da pesquisa.

Serotonina e seu metabólito, o ácido 5-hidroxi-indolacético(5-HIAA): a serotonina pode ser medida no sangue, plasma, urina e líquor, mas ela é rapidamente metabolizada em 5-HIAA. O líquor é o fluido perfect para o estudo de biomarcadores relacionados a supostas doenças cerebrais, mas sua coleta é invasiva e envolve alguns riscos. Logo design, estudos de larga escala que faça uso do líquor são raros. Estudos evidenciaram a ausência de relação entre as concentrações de serotonina e depressão.

Receptores: 40 receptores de serotonina foram identificados, mas suas relações com a depressão não estão bem estabelecidas, com os estudos focando no 5-HT1A, que inibe a liberação pré-sináptica de serotonina (logo design, pessoas com depressão supostamente teriam atividade do 5-HT1A aumentada). A maioria dos resultados sugerem que não há diferença entre pessoas com depressão e controles com relação à atividade do receptor ou a uma atividade menor desses receptores nas pessoas com depressão (o que implicaria numa concentração maior de serotonina). Vale a ressalva de que a maior parte dos estudos incluíram pessoas que estavam tomando antidepressivos ou tinham tomado recentemente (entre uma e três semanas), o que poderia influenciar os achados.

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