A obesidade é um importante fator de risco modificável para câncer, ficando atrás apenas do tabagismo. A associação de sobrepeso e obesidade com incidência de câncer é estimada em 7,8%. O adenocarcinoma de esôfago e o câncer gástrico de cárdia são diretamente associados à obesidade, logo design a perda de peso induzida pela cirurgia bariátrica poderia estar associada a redução da incidência desses cânceres. Todavia, existe uma preocupação com o aumento da incidência de DRGE, especialmente nos procedimentos de gastrectomia vertical (Sleeve) e banda gástrica e isso poderia estar associado a aumento da incidência desses tumores. 19659002 Devido a essa dúvida, foi realizado um estudo de coorte a fim de comparar a incidência dos tumores esofagogástricos em indivíduos obesos submetidos ou não à cirurgia bariátrica, que foi publicado na revista JAMA em janeiro de 2023. 19659003 Cirurgia bariátrica aumenta risco de câncer de esôfago ou estômago? 19659004 Métodos 19659005 Trata-se de coorte, com dados obtidos de todos os centros cirúrgicos na França, no período entre 2010 a 2017 de 2010 a 31 de dezembro de 2017, incluindo pacientes com obesidade severe com idade maior ou igual a 18 anos, submetidos ou não a cirurgia bariátrica, em uma 1:2, respectivamente. O desfecho primário avaliado foi a incidência de câncer esofagogástrico. 19659006 Caso clínico: 19459006 Paciente no pós-operatório de cirurgia bariátrica apresenta equimoses e sangramento gengival. O que será? Resultados 19659008 Essa coorte incluiu 908.849 pacientes, sendo 303.709 submetidos a cirurgia bariátrica (bypass, sleeve ou banda gástrica) pareados com 605.140 pacientes com obesidade não submetidos à intervenção cirúrgica (grupo controle), em uma proporção 1:2. 19659009 Os grupos foram comparáveis em relação à sexo, idade e índice de comorbidades. Todavia, o grupo submetido à cirurgia bariátrica, apresentava maior IMC em comparação ao controle. 19659010 No período avaliado (período médio de 6 anos), 337 pacientes foram diagnosticados com câncer esofagogástrico, sendo 83 no grupo cirúrgico e 254 no grupo controle, com uma taxa de incidência 6,9/ 100.000 hab/ano no grupo controle e 4,9/ 100.000 hab/ano no grupo de intervenção, com uma taxa de incidência de 1,42 (95% CI, 1,11-1,82; P= 0,005). A razão de risco de incidência de câncer esofagogástrico foi significativamente menor no grupo cirúrgico (HR, 0,76; 95% CI, 0,59-0,98; P= 0,03), assim como a mortalidade international (HR, 0,60; IC 95%, 0,56-0,64; P < 0,001). Mensagens Finais Os dados sobre incidência de câncer esofagogástrico pós-cirurgia bariátrica ainda são escassos. Todavia, o presente estudo sugere uma redução de risco desses cânceres no grupo cirúrgico. 19659014 São pontos positivos desse estudo: A realização obrigatória de endoscopia digestiva alta pré-operatória na França e a exclusão de casos de câncer esofagogástrico em até 2 anos após a cirurgia, visto que o intervalo seria precoce para associar o câncer às alterações pós operatórias. 19659015 Contudo, o estudo também apresenta limitações, tais como ser um estudo retrospectivo; não especificar o tipo histológico do câncer; população com idade média 19659016 Learn more