19659001 O transtorno por uso de cocaína é um importante problema de saúde pública. A proliferação de cenas de uso urbanas de fracture e cocaína, popularmente nomeadas de Cracolândia, atestam a insuficiência das intervenções sociais e de saúde que empregamos nos últimos anos para tratamento da questão. Dados do Relatório Mundial sobre Drogas– 2023, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNOD) indicam que 22 milhões de pessoas usaram cocaína em 2021. Estima-se que um em cada quatro usuário de cocaína tenha um transtorno por uso de cocaína. 19659002 As estratégias corriqueiramente empregadas para o tratamento do transtorno por uso de substâncias envolve o uso de medicações que substituem a droga por possuírem efeito farmacológico análogo; medicações que atuam no sistema de recompensa e medicações visando diminuir impulsividade/ comportamentos compulsivos. 19459008 Saiba mais: 19459009 Caso clínico: Paciente com queixa de palpitações após uso de cocaína O que é preciso entender sobre a vacina contra a cocaína, a Calixcoca O que é preciso entender sobre a vacina contra a cocaína, a Calixcoca 19659008 Outros tratamentos Não há tratamentos específicos para o transtorno por uso de cocaína, sendo as vacinas antidrogas uma estratégia promissora. Neste contexto se insere uma vacina em desenvolvimento pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chamada Calixcoca (UFMG-VAC-V4N2). 19659012 A vacina induz a produção de anticorpos anticocaína, capazes de se ligarem a cocaína e diminuir a passagem da cocaína pela barreira hematoencefálica, diminuindo a atividade da droga no cérebro. A vacina é composta por uma plataforma imunizante, uma plataforma vacinal sintética– ou seja, ao invés das típicas moléculas proteicas usadas em vacinas, trata-se de uma molécula farmoquímica, altamente lipofílica, ligada a quatro moléculas de cocaína. Reação fisiológica 19659016 A inspiração para a criação de uma vacina anticocaína vem da observação da produção espontânea de anticorpos em usuários pesados da droga. A despeito da cocaína ser uma molécula pequena e, portanto, pouco imunogênica, imagina-se que a presença de contaminantes incidentalmente misturados a cocaína em sua cadeia de produção ilegal fosse responsável por transformar a droga em imunógeno. 19659017 A vacina já foi testada em modelos animais, com demonstração da sua eficácia e segurança. A ideia é que a vacina impeça a reativação do sistema de recompensa, facilitando a manutenção da abstinência. 19659020 A vacina também foi testada em modelos animais gestantes, uma vez que, a cocaína é uma droga vasoconstritora, que atua não só inibindo o receptor de recaptação da dopamina, mas também age no receptor alfa-1, levando a contração arterial, que é um grand Find out more