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Protocolo de Morte Encefálica: conheça os conceitos e saiba aplicar

Byindianadmin

Aug 28, 2022
Protocolo de Morte Encefálica: conheça os conceitos e saiba aplicar
 

Nesta semana, na sessão de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, apresentamos o Protocolo de Morte Encefálica. Conheça todos os conceitos e saiba como aplicá-los.  

A abordagem deste tema é igualmente importante e delicada, e deve ser feito com muita atenção, cuidado e obediência aos protocolos. A detecção da morte encefálica pode ajudar a diminuir o sofrimento da família que, na maior parte das vezes, se desgasta com as intercorrências do paciente com internação prolongada. Ao mesmo tempo, após o diagnóstico da morte encefálica, pode-se considerar a doação de órgãos, trazendo esperança para aqueles que sofrem nas longas filas de espera. 

Morte Encefálica (ME): é estabelecida pela perda definitiva e irreversível das funções do encéfalo por causa conhecida, comprovada e capaz de provocar o quadro clínico. O diagnóstico de ME é de certeza absoluta. Qualquer dúvida na determinação de ME impossibilita esse diagnóstico. 

Os procedimentos para determinação da ME deverão ser realizados em todos os pacientes em coma não perceptivo e apneia, independentemente da condição de doador ou não de órgãos e tecidos. 

Protocolo de Morte Encefálica

Para o diagnóstico de ME, é essencial que todas as condições a seguir sejam observadas.

  • Presença de lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de causar a ME;
  • Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico de ME;
  • Tratamento e observação em ambiente hospitalar pelo período mínimo de 6 horas. Quando a causa primária do quadro for encefalopatia hipóxico-isquêmica, esse período de tratamento e observação deverá ser de, no mínimo, 24 horas;
  • Temperatura corporal (esofagiana, vesical ou retal) > 35°C, saturação arterial de oxigênio > 94% e pressão arterial sistólica ≥ a 100 mmHg ou pressão arterial média ≥ a 65 mmHg para adultos.

2. Dois exames clínicos:  Para confirmar a presença do coma e a ausência de função do tronco encefálico em todos os seus níveis, com intervalo mínimo de 1 hora em pacientes com idade > 2 anos.

3. Teste de apneia:  Para confirmar a ausência de movimentos respiratórios após estimulação máxima dos centros respiratórios em presença de PaCO2 > 55 mmHg.

4. Exames complementares:  Para confirmar a ausência de atividade encefálica, caracterizada pela falta de perfusão sanguínea encefálica, de atividade metabólica encefálica ou de atividade elétrica encefálica.

Segunda etapa

1. Distúrbio hidroeletrolítico, acidobásico/endócrino e intoxicação exógena graves:  Atenção! A hipernatremia grave refratária ao tratamento não inviabiliza determinação de ME, exceto quando é a única causa do coma.

2. Hipotermia:  Temperatura retal, vesical ou esofagiana < 35°C.

3. Fármacos com ação depressora do sistema nervoso central (FDSNC):  Fenobarbital, Clonidina, Dexmedetomidina, Morfina e outros, além de bloqueadores neuromusculares (BNM).

4. Nas condições anteriormente citadas, deverá ser dada preferência a exames complementares que avaliam o fluxo sanguíneo cerebral, pois o EEG sofre significativa influência desses agentes nessas situações.

Primeiro exame clínico

Coma não perceptivo:  Estado de inconsciência permanente com ausência de resposta motora supraespinhal a qualquer estimulação, particularmente dolorosa intensa em região supraorbitária, trapézio e leito ungueal dos quatro membros. A presença de atitude de descerebração ou decorticação invalida o diagnóstico de ME.

Poderão ser observados reflexos tendinosos profundos, movimentos de membros, atitude em opistótono ou flexão do tronco, adução/elevação de ombros, sudorese, rubor ou taquicardia, ocorrendo espontaneamente ou durante a estimulação. A presença desses sinais clínicos significa apenas a persistência de atividade medular e não invalida a determinação de ME.

Ausências de reflexos de tronco cerebral:

  1. Ausência do reflexo fotomotor:  As pupilas deverão estar fixas e sem resposta à estimulação luminosa intensa (lanterna), podendo ter contorno irregular, diâmetros variáveis ou assimétricos.
  2. Ausência de reflexo córneo-palpebral:  Ausência de resposta de piscamento à estimulação direta do canto lateral inferior da córnea com gotejamento de soro fisiológico gelado ou algodão embebido em soro fisiológico ou água destilada.
  3. Ausência do reflexo oculocefálico:  Ausência de desvio do(s) olho(s) durante a movimentação rápida da cabeça nos sentidos lateral e vertical. Não realizar em pacientes com lesão de coluna cervical suspeitada ou confirmada.
  4. Ausência do reflexo vestíbulo-calórico: Ausência de desvio do(s) olho(s) durante um minuto de observação, após irrigação do conduto auditivo externo com 50-100 mL de água fria (± 5oC), com a cabeça colocada em posição supina e a 30o. O intervalo mínimo do exame entre ambos os lados deve ser de 3 minutos. Realizar otoscopia prévia para constatar a ausência de perfuração timpânica ou oclusão do conduto auditivo externo por cerume.
  5. Ausência do reflexo de tosse: Ausência de tosse ou bradicardia reflexa à estimulação traqueal com uma cânula de aspiração.
  6. Ausência de movimentos respiratórios no teste de apneia: Teste de apneia – médico à beira do leito:
    • Manter a PaO2 > 100 mmHg e pCO2 40-45 mmHg (ventilar com FiO2 100% assistido por, aproximadamente, 10 minutos) na primeira gasometria;
    • Desconectar o circuito do respirador, mantendo uma cânula de O2 na topografia da carina com fluxo 6 L/min;
    • Observar movimentos respiratórios por até 10 minutos;
    • O teste deverá ser interrompido se PA sistólica < 90 mmHG, Sat < 85% ou desenvolver alguma arritmia.

Pacientes que não toleram o cateter a 6 L podem ser submetidos à colocação de um tubo

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