Até o momento, os inibidores de SGLT-2 e agonistas de GLP-1 não são indicados para uso em indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 (DM1). Apesar de todo benefício encontrado em termos de proteção cardiovascular (ambos), obesidade (sobretudo agonistas de GLP-1) e proteção kidney (sobretudo os inibidores de SGLT-2), a preocupação quanto à segurança, sobretudo com inibidores de SGLT-2, e pelo objetivo desenhado nos estudos de agonistas de GLP-1, nenhuma dessas medicações foi estudada exclusivamente em pacientes com diabetes tipo 1 em ensaios clínicos randomizados robustos. 19659002 Ainda, em estudos que avaliaram desfechos cardiorrenais, como o DAPA-CKD ou DAPA-HF, EMPEROR preserved/reduced e EMPA-KIDNEY, foram excluídos indivíduos com diabetes melli tipo 1. Além disso, é sabido através de dados de pequenos estudos e de mundo genuine que existe um risco aumentado de cetoacidose euglicêmica em indivíduos com DM1, o que torna desafiadora a tarefa de se iniciar a discussão sobre potenciais benefícios que essas classes possam trazer para indivíduos com DM1. 19659003 Contudo, frente a tantos benefícios observados em pacientes com DM2 e basicamente a inexistência de outras terapias para o DM1 que não sejam baseadas em insulina (a cagrilintida, um análogo de amilina, é liberada pelo FDA mas tem uso limitado na prática), unidos à dificuldade em se atingir um controle perfect em indivíduos com DM1 (dados dos EUA mostram que apenas cerca de 20% dos pacientes estão com hemoglobina glicada < < 7%, enquanto dados da Inglaterra evidenciam que um terço atinge glicada < < 7,5%), faz sentido questionar se existe um papel para o uso de tais medicações em indivíduos com DM1. Como é sabido, apesar de não liberado pelo FDA ou por outros órgãos regulatórios como a ANVISA, ocorre uso off-label 19659008 dessas classes de medicações. Assim, foi realizado um estudo de mundo genuine para avaliar o impacto do uso dessas medicações em indivíduos com DM1. O estudo foi publicado na Diabetologia, primary revista médica de diabetes da Europa. 19659010 Saiba mais: Agonistas de GLP-1 ou inibidores de SGLT-2: qual a melhor opção para diabéticos? 19659011 Qual o impacto dos inibidores de SGLT-2 e agonistas de GLP-1 em diabéticos tipo 1? Qual o impacto dos inibidores de SGLT-2 e agonistas de GLP-1 em diabéticos tipo 1? 19659013 Métodos O impacto dos Inibidores de SGLT-2 e agonistas de GLP-1 em indivíduos com diabetes mellitus tipo 1 foi avaliado por meio de uma coorte retrospectiva. Ela foi baseada em dados coletados da plataforma TriNetX, que utiliza dados anônimos, disponibilizados online, advindos de 96 organizações de saúde contando majoritariamente com informações dos Estados Unidos e Europa. As informações foram coletadas em janeiro de 2023, analisando dados retrospectivos de 125 milhões de indivíduos. 19659016 19659017 As coortes foram construídas a partir do CID lançado no sistema, em indivíduos com mais de 18 anos. Para uma comparação adequada, foram criadas duas coortes, uma de indivíduos que foram expostos a, pelo menos, seis meses de agonistas de GLP-1 e outra exposta a, pelo menos, seis meses de inibidores de SGLT-2. O seguimento médio foi de cinco anos após o início das medicações. Foram excluídos indivíduos que já haviam utilizado ambas as drogas. 19659019 O objetivo primário foi avaliar an opportunity de desfechos positivos ou eventos adversos após cinco anos. Os desfechos adversos analisados incluíram risco de cetoacidose diabética, hipoglicemia que precisou de admissão hospitalar, infecções urinárias e pielonefrite, infecções geniturinárias, pancreatite aguda ou eventos adversos gastrointestinais. Quanto aos desfechos clínicos, foi observado o risco do surgimento de insuficiência cardíaca, hospitalização, AVC/AIT, IAM, desenvolvimento de complicações microvasculares, queda da taxa de filtração glomerular e mortalidade por todas as causas. 19659021 O banco de dados contou com uma amostra de 196.691 indivíduos com diabetes tipo 1. Desses, 87% foram manejados apenas com insulina e 13% estavam em uso de algum antidiabético adicional. Dentre os que estavam utilizando outro tratamento, 43% estavam em uso de metformina. Após a aplicação dos critérios de inclusão, exclusão e o balanceamento entre os grupos feito através do escore de análise de propensão, balanceando quanto a idade, sexo, hipertensão, IC, e doença kidney, 933 indivíduos compuseram os diferentes braços da coorte. 19659025 No grupo iSGLT-2, 47% estavam em uso de empagliflozina, 27% dapa e 25% canagliflozina, enquanto no grupo aGLP-1, 37% utilizaram liraglutida, 25% semaglutida, 24% dulaglutida e 13% exenatida. 65% dos indivíduos do grupo iSGLT-2 usaram a medicação por mais de 3 anos, enquanto 72% mantiveram o uso por mais de 3 anos no grupo agonistas de GLP-1. 19659027 Após o balanceamento pelo escore de propensão, a média de idade nos grupos foi de 52 anos, 50% cada sexo, 23% com HbA1c > > 7% (foram categorizados em dois grupos, maior ou menor que 7%, pois não foi possível através dos dados obtidos realizar a análise como uma variável contínua), IMC médio de 30 kg/m ², apenas 5% com IC e Learn more