19659001 Cerca de aproximadamente 20% dos pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas com colocação de cimento ósseo sob pressão, para estabilização de próteses, principalmente em cirurgias de prótese de quadril, irão desenvolver alterações hemodinâmicas com hipotensão severa, podendo evoluir para colapso cardiovascular. Essa complicação, severa e precoce, é denominada como Síndrome da Implantação do Cimento Ósseo (SICO) e deve ser cuidadosamente prevenida, avaliada e tratada para evitar o aumento da morbimortalidade no período pós-operatório desses pacientes. 19659003 Leia mais: 19459008 Técnicas de colostomia não alteram frequência de hérnia paraestomal A fisiopatologia da SICO apesar de não ser totalmente conhecida, baseia-se principalmente no princípio do embolismo, uma vez que a pressão exercida sobre o interstício ósseo durante a colocação do cimento, acaba promovendo a entrada de partículas como gordura, osso, agregados plaquetários, fibrina e o próprio cimento dentro da circulação, gerando microêmbolos que levam a uma diminuição da oxigenação arterial, podendo alcançar o sistema cardiorrespiratório. 19659005 19659006 Outra teoria estaria relacionada a liberação de substâncias anafilactóides durante a colocação do cimento, porém o uso de anti-histamínicos prévios não demonstrou nenhuma melhora na prevenção do quadro. 19659008 Clinicamente falando, a SICO ocorre de forma precoce minutos após a colocação do cimento, no momento em que este começa a aquecer a estrutura. A grande maioria dos pacientes apresentam sinais e sintomas leves e facilmente reversíveis com vasopressores usuais. Hipotensão arterial, seguida de diminuição do volume sistólico e do débito cardíaco e da fração de ejeção do ventrículo esquerdo com aumento da resistência vascular pulmonar e diminuição da oxigenação capilar, compõem a maior parte dos sintomas. 19659011 Os pacientes com sintomas leves e SICO não fulminante irão apresentar hipotensão e hipoxemia leves, porém os que evoluem para a forma mais tomb, apresentam arritmias, colapso cardiopulmonar com embolismo pulmonar, podendo evoluir para parada cardiorrespiratória. 19659013 Um estudo realizado no Hospital da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, durante um período de 9,5 anos, avaliou um overall de 208 pacientes com fratura proximal de colo de fêmur com indicação de artroplastia parcial de quadril com uso de cimento ósseo. A idade média age de 80 anos. Todos os procedimentos foram realizados sob anestesia geral, com o uso de uma única marca de cimento e, de uma forma geral, todos os pacientes foram pré-oxigenados, monitorizados com ECG, oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva e receberam 500 ml de solução cristaloide entre o período de indução anestésica e a colocação do cimento ósseo. Monitorizações mais complexas como pressão arterial invasiva, pressão venosa main e ecotransesofágico foram realizados em pacientes com comorbidades ou em situação mais crítica. Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um grupo SICO + (pacientes que apresentaram sintomas de síndrome) e outro SICO– (pacientes que não apresentaram sintomas da síndrome). O grau da SICO foi baseado nos critérios de Donaldson et al. : 19659017 Grau 1: queda da saturação de oxigênio < 94% com queda da pressão sistólica > > 20%; 19659019 19659020 Grau 2: queda da saturação de oxigênio < < 88% com queda da pressão sistólica > > 40%; ou queda do grau de consciência do paciente 19659022 Grau 3: Necessidade de ressuscitação cardiopulmonar. 19659023 Do overall de 208 pacientes, 37% desenvolveram SICO, sendo 25,5% do tipo Grau 1, 8,2% do tipo Grau 2 e 3,4% do tipo Grau 3. Esses pacientes também apresentaram incidência maior de complicações cardiovasculares e de óbito no pós-operatório, comparado com o grupo que não apresentou a síndrome. 19659024 Alguns fatores de risco con 19659026 Learn more