Amiodarona é medicação bastante efetiva para manutenção de ritmo sinusal na fibrilação atrial (FA). Porém, seu uso prolongado está associado a efeitos colaterais importantes, como doença intersticial pulmonar (DIP) associada à amiodarona, incomum, serious e potencialmente deadly, porém que limita seu uso.
A maioria dos dados sobre a DIP associada ao fármaco são do início da sua utilização na prática clínica, quando as dosages geralmente eram maiores que 400mg ao dia por períodos prolongados. Alguns estudos sugerem que dosages menores que 305-330mg ao dia tem risco bastante reduzido desta complicação.
Atualmente a dosage administrada costuma ser 200mg ao dia ou menos e dados sobre DPI com essas dosages são escassos. Assim, foi feito um estudo que buscou avaliar se há associação de amiodarona em baixas dosages e DIP, câncer e mortalidade por todas as causas.
Métodos do estudo
Foi estudo retrospectivo que utilizou dados de documentos médicos eletrônicos da população de Israel. Foram avaliados pacientes com FA, sem exposição prévia à amiodarona e sem história de DIP ou câncer de pulmão que foram medicados com dosage baixa. Pacientes que receberam a medicação foram pareados com pacientes com as mesmas características que tinham FA porém não receberam a droga. O desfecho primário foi nova DIP e os desfechos secundários foram neoplasia de pulmão e mortalidade por todas as causas.
Resultados
Entre 2000 e 2021, foram identificados 278.625 casos de FA, com 45.164 indivíduos tendo prescrição de amiodarona. Após os critérios de exclusão e inclusão apenas de pacientes que não interromperam a medicação, foram analisados 6.039 pacientes expostos à amiodarona, comparados ao mesmo número de controles não expostos.
O pace para início da medicação após o diagnóstico foi de 232 dias e a dosage média diária da amiodarona foi de 200mg. Pacientes expostos ao fármaco tinham mais diabetes, doença arterial periférica e cerebrovascular, neoplasia prévia, doença reumatológica, doença kidney crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica, além de tendência de mais tabagismo. Ainda, esses pacientes tinham menor probabilidade de ter demência e faziam uso mais frequente de