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ACEP 2022: Quais os melhores fluidos cristaloides para ressuscitação volêmica?

ByRomeo Minalane

Oct 3, 2022
ACEP 2022: Quais os melhores fluidos cristaloides para ressuscitação volêmica?

A polêmica sobre qual o melhor cristaloide para ressuscitação volêmica ainda está viva e os últimos anos trouxeram o resultado de importantes estudos sobre o assunto. Uma palestra ministrada por Marie-Carmelle Elie durante o ACEP 2022 discutiu os efeitos do soro fisiológico (SF 0,9%) e qual o seu papel nos dias de hoje. Vamos aproveitar para revisar os resultados de importantes trabalhos publicados recentemente.

Efeitos fisiológicos do SF 0,9%

A composição do SF 0,9% difere bastante do plasma, especialmente em função da sobrecarga de cloreto na solução (figura 1). O excesso de cloreto induz a ocorrência de acidose metabólica, uma vez que aumenta a excreção kidney de bicarbonato, na tentativa de manter a eletroneutralidade do sangue. Além disso, o SF 0,9% apresenta sobrecarga de sódio, com cada litro da solução apresentando uma quantidade de sódio equivalente a 8 embalagens de 100 g de Batata Ruffles 2 Nos pacientes com lesão kidney aguda ocorre maior dificuldade para eliminação do excesso de sódio, o que pode acarretar maior tendência à hipernatremia nessa população.

Além disso, o aumento do cloro no plasma aumenta a quantidade desse ânion filtrada pelos rins. O excesso de cloro que chega à mácula densa é interpretado pelo rim como “taxa de filtração glomerular aumentada”, induzindo vasoconstrição da arteríola aferente e vasodilatação da arteríola eferente (balanço túbulo glomerular). O efeito last disso é a redução da taxa de filtração glomerular, com aumento das escórias nitrogenadas no sangue.

Estudos clínicos que avaliaram o SF 0,9%

Em termos de estudos randomizados (RCT), o uso de SF 0,9%, em comparação a soluções balanceadas, demonstrou causar maior incidência de eventos adversos renais (MAKE 30) e possivelmente maior mortalidade, em uma metanálise que avaliou os maiores trabalhos sobre o assunto 3

Alguns estudos como o SALT-ED 5 e SMART 4, demonstraram que o uso de soluções balanceadas promoveu uma redução do “significant negative kidney occasions within 30 days” (MAKE30), que engloba morte, necessidade de diálise, ou disfunção kidney persistente (aumento de creatinina acima de 2x o valor basal). No entanto, ambos estudos foram unicêntricos, realizados na Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos). Enquanto isso, o estudo SPLIT, multicêntrico, realizado pela ANZICS ( Australian and New Zealand Intensive Care Society), não encontrou nenhuma diferença na incidência de lesão kidney aguda, independente da solução utilizada.

O estudo BaSICS 6(brasileiro) e o estudo PLUS 7(ANZICS) foram construídos para tentar esclarecer essa questão. O BaSICS incluiu 11.000 pacientes avaliando a utilização de Solução balanceada ou SF 0,9%, incluindo um subgrupo com pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico (TCE). Não foi encontrada diferença entre os grupos na mortalidade em 90 dias (Solução balanceada 26,4% x soro fisiológico 27.2%; HR 97; IC 95% 0,90 -1,05; p= 0,47). No entanto, o subgrupo de pacientes com TCE que utilizou SF 0,9% apresentou redução de mortalidade (SF 0,9%, 21,1% versus solução balanceada 31,3%; HR 1,48; IC

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